sexta-feira, 18 de julho de 2008

O dia em que eu sentei no banheiro e chorei

de alívio, de raiva, de tristeza, de alegria, por estar - finalmente - me sentindo livre....

Well, well, well... melhor explicar o que aconteceu, não?
No capítulo anterior eu disse que estava trabalhando no "novíssimo" projeto da disney chamado super greeter. Pois bem, a merda fedeu exatamente aí. Fui colocada pra trabalhar em um local onde as pessoas não faziam idéia do que estava acontecendo, não sabiam o que eu deveria fazer e nos primeiros dias eu fui cobrada por uma coisa à qual não sou paga pra fazer.
Lóóóóóógico que bati o pé e disse que não trabalharia com quick neeeeeeeeeeeeem na porrada. Aviso aos navegantes extra-disney: quick service são as lanchonetes e eu sou de restaurante, um mundo totalmente diferente. O salário de quick é maior do que o de full, então não devo fazer nada que diga respeito à essa rotina louca.

Explicando o que é super greeter:
São pessoas, preferencialmente brasileiros, que são colocados em pontos estratégicos do parque para dar assistência aos brasileiros, especialmente aos grupos de excursão. Traduzindo, se necessário guiando, dando dicas ou simplesmene conversando pois alguns deles se sentem meio perdidos aqui. É um trabalho basicamente social, o operacional fica um pouco de lado.

Mas muitos do local onde eu fui "jogada" não entenderam isso e passaram a me olhar de cara feia, cochichando... Até entendo, enquanto o caboclo tá lá esquentando o umbigo fritando batata, eu tô na frente do local sorrindo, convidando as pessoas para entrar, distribuindo mapas, toda pintosa.
Porém a culpa não foi minha, não pedi pra fazer isso e muito menos pra trabalhar onde fui parar.
Logo na primeira semana eu me senti muito mal, mas o que me ajudava era a liberdade que eu nunca tive nos tempos de Prime Time, pois como greeter eu poderia andar pelo parque e conhecer gente nova, fazer novos amigos dos mais variados roles. Fiz amizade com guest, me encantei com os guias turísticos mais fofos e sempre com a fiel companhia de Lud e Carol.
Todas as manhãs era a mesma coisa, o encontro das três pra fazer a ronda...
Sabe lixeiro que um fica varrendo o lixo do outro? Pois bem, com a gente esse papo de greeter era basicamente isso. Três greeters pra uma única família, pra dar uma única informação... e ai de quem separasse a gente!

Por mais que a companhia das amigas fosse quase contante eu ainda estava mal por causa da forma com que as coisas andavam na minha base. Não é nada legal trabalhar em um local onde todos te olham com cara feia e fazem comentários maldosos. Tinha pedido pra voltar mas eles davam a mesma resposta: mas são apenas cinco semanas.... isso porque TEORICAMENTE trata-se de um trabalho opcional, ficaríamos lá se quiséssemos.

Até um dia em que a bomba estourou, a bomba do preconceito americano. fiquei a minha última semana de greeter aguentando desaforo de americano falando mal de brasileiro na minha cara. Alguns falavam comigo sem eu saber que era brasileira e eu dava corda pro cara atéééééé ele falar bastante merda e depois ler sem acreditar muito que eu sou do Brasil. Aquilo tava acabando comigo, mas isso não me tiraria de lá, afinal guest é guest.
Mas foi nessa mesma leva de preconceito de americano que se acha o foda que eu consegui minha carta de alforria. Porque aguentar guest babaca e ignorante é uma coisa, já aguentar cast member fdp que fala mal de brasileiro na minha fuça e ainda maltratar os brazucas beeeeeeeem na minha frente é demais! Eu não aguentei a pressão e pedi pra sair, mas pedi pra sair conta por y, x e z! Claro, não deixaria um caso de extrema filhadaputagem como aquele assim sem contar às autoridades. E foi assim que eu consegui voltar, por causa do "comportamento inaceitável" que eu fui obrigada a ver nos últimos dias.

Enfim, logo depois de ter vivido fortes cenas de preconceito e intolerância, me segurando horrores pra não chorar, eis que aparece um engravatado me procurando me dando a notícia de que havia lido meus 224572565656 emails e que eu não deveria passar por aquilo, no dia seguinte, prime time me aguardava. CARAAAAAAAAALEO, sei que americano é meio frio, mas quase dei um abraço no engravatado! Conversei mais um pouco com ele com a minha roommie mexicana observando tudo sem entender o que se passava. Ela tava preocupada com o que acontecia comigo e com a minha tristeza dos meus últimos dias trabalhando lá, mas vendo meu semblante mudando, ela logo percebeu e chutou: vai voltar?
Só foi o tempo de abraçá-la e sair correndo pro banheiro
É ruim que eu vou dar mole pra malandro ver a minha cara toda borrada e pior, sem entender nada.
Entrei no banheiro, sentei, encostei a cabeça na parede e só deixei o aguaceiro sair dos olhos. Era uma mistura de emoções que eu nem sei mais que porra era aquela, os últimos dias tinham sido tão difíceis que só mesmo uma notícia daquela pra me fazer sorrir novamente, com vontade e não porque sou paga pra isso. A minha vontade foi de sair contando pta todos, mas me contive em contar apenas para os amigos e, claro, pra manager de lá que nada tinha a ver com essa história. Pelo menos saí limpa daquele lugar, saí porque pedi, porque algo muito errado foi feito comigo, não fiquei puta com manager nenhum, mas hora extra lá eu não faço nem na porrada.

O dia seguinte: oh, happy day...
O mais próximo que eu posso estar de casa é no lugar onde as pessoas queridas estão, sem ser no vista, a minha casa chama-se 50's Prime Time Cafe. Até da costume dos anos 50 eu sentia uma imensa falta, das televisões, das saudações (hi, kids!, bye, kids!... todo mundo vira uma criança lá). Sem ser piegas, mas deu uma vontade de chorar duca quando eu entrei naquela porta da cozinha pra bater meu cartão. Parece que tudo tinha permanecido igual, as pessoas que nem sempre eu conversava sorriam pra mim me dando boas vindas novamente e os mais chegados me deram as melhores boas vindas que eu poderia esperar.
Em pensar que um mês atrás eu estava de saco cheio de lá e vibrando com essa história de super greeter... a gente sempre dá valor quando perde mesmo.
Ainda bem que eu tive a maravilhosa oportunidade de voltar atrás e sim, dar valor ao que tenho, aos meus amigos de lá, estreitar os meus laços, dar mais atenção àquela pessoa que às vezes por timidez não é muito de falar.

Agora eu não estou sorrindo porque "sou paga pra isso" e sim porque tenho vontade de sorrir.
Definitivamente aquele ditado tem razão: Depois da tempestade vem a bonança.
Esta é a semana mais feliz dos últimos 3 meses.
E falta uma semana pra mamãe chegar
iiiiiiiisssssssssaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa